quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Reflexão do Dia

"Nunca ore suplicando cargas mais leves, e sim ombros mais fortes"
Provérbio Sufi

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A Morte





Quando Hazreti Muhammad (saws) estava perto de deixar este mundo, ele anunciou sua partida para seus companheiros, e acrescentou que ele deixava atrás de si dois grandes professores para continuar sua obra: um professor falante e um silencioso professor: O Sagrado Alcorão e a morte.

Hz. Omar (as) pagou um empregado cuja única função era vir a ele várias vezes ao dia e lembrá-lo da morte, apontando- o e dizendo: "Oh, Omar, você está se aproximando da morte". Um dia, o sultão dos crentes disse a este homem que não precisava mais de seus serviços, e apontou para um simples cabelo branco em sua barba, que dali em diante lhe serviria como um lembrete da morte.

Alguém veio a Abu Darda, um dos mais amados dos companheiros do Profeta (saws), pedindo um conselho. Ele disse: "Oh, Abu Darda, me ajude. Tenho uma terrível doença - a doença do amor por este mundo. Meu coração está escuro. Não vejo um sinal da luz de minhas orações e devoções. Não tenho alegria". Abu Darda respondeu. "De fato, esta doença é a maior de todas as doenças, e, se não for curada a tempo, pode causar a morte da tua fé. Eu te darei três remédios. Tome-os todos. Visite os doentes. Vá a funerais.

Caminhe nos cemitérios. Se você fizer todas estas coisas freqüentemente, tua doença o deixará. Teu amor e apego a este mundo desaparecerá; teu coração será iluminado outra vez, e teu olho interior se abrirá".

Aquela pessoa seguiu o conselho do santo, mas sua doença não o deixou. Ele veio queixar-se a Abu Darda. O santo lhe disse: "Se você visitou os doentes como alguns médicos e enfermeiros fazem, acreditando que eles podem curá-los, e fazendo isso como uma parte de sua profissão e sustento, e se você vai a funerais como alguns religiosos fazem, julgando pelas flores e a multidão dos parentes, pensando no pagamento que eles receberão por seus serviços, e se você caminha nos cemitérios lendo as lápides glorificando as virtudes mundanas do morto, você não terá feito nenhuma das coisas que eu lhe disse para fazer.

Quando visitar os doentes, veja-se a si mesmo em seu lugar sofrendo, incapaz de comer e beber, próximo da morte, porque é isso que acontecerá com você mais cedo ou mais tarde. Aquilo é tudo o que existe em volta, tudo pelo que se luta. Converse com seus nafs, seu ego, e mostre-lhe que aquela criatura está agonizando sem ajuda e diga-lhe para prestar atenção, porque breve estará partindo, a caminho do seu fim, para deixar o amor do mundo."

Quando você for a funerais, imagine que está deitado naquele caixão, envolvido numa peça de roupa, nu como no dia em que nasceu. Todos seus bens, todo seu dinheiro, toda nossa fama, seu lar, sua esposa, seus filhos, tudo aquilo que você amou foi deixado para trás. Diga a seus nafs que aquele fascinante caixão é um veículo que brevemente será erguido, que todo mundo tem e todo mundo terá. Todos aqueles bens que você acumulou com tanta dor e esforço, toda a reputação, o resultado de tanta coisa pretendida, será desperdiçado. Mostre aquilo a nossos nafs. Mostre-lhes como todos aqueles que pensaram amar o morto estão virando suas faces para longe dele, embora ele tenha deixado tudo para eles. Ele não pode trazer- lhes um copo de água ou um bocado de alimento. Ninguém sabe o que acontecerá a ele, nem mesmo ele.

Pergunte a seus nafs se está pronto. "Quando você for ao cemitério, olhe debaixo da terra sobre a qual você está pisando. Peles macias apodrecendo, simpáticas cabeças caindo de seus corpos, olhos formosos cheios de terra; aquelas línguas cantando como rouxinóis tanto pela glória do mundo ou pela glória do Criador, tendo se tornado comida para insetos. Todos seus atos errados tendo se tornado em feios monstros batendo neles. Quando você caminhar, pense nas cabeças daqueles reis que você está pisando, naquelas testas que eram usadas para coroas, e nos encantadores lábios nos quais os homens teriam dado suas vidas para tocar com seus lábios.

Oh, ego, quando você irá acreditar, quando você terá o bastante das ilusões do mundo? Não vê o que acontecerá a você? Você também, muito breve - como "todo futuro é muito próximo" - será exatamente como aqueles. Você será deixado num buraco negro, que poderia ser um túmulo do inferno, face a face com os horríveis monstros de seus atos. Tire o mundo de dentro de seu coração. Seja puro em suas ações. Oh, nafs, antes que caiamos dentro daquele túmulo escuro, antes que as serpentes e os insetos venham alimentar-se de nós, vamos juntos nos preparar".

Aquela pessoa seguiu a receita de Abu Darda. Seu coração recebeu luz, seu olho interno se abriu, e ele, com gratidão, lembrou-se de seu professor, o médico do coração que reviveu seu coração morto.

Meus companheiros viajantes no caminho da verdade, lembrem-se da morte freqüentemente. Ela poderá ajudá-los a manter-se distantes deste mundo e do amor por este mundo, ela poderá ajudá-los a servir como um médico do próprio coração, para a cura dos males deste mundo.

Extraído do link Sufismo e Islã

Você é um Buda


Era uma vez dois irmãos que juntos praticavam o Ch'an.

O mais velho observava os preceitos muito estritamente, ao passo que o mais novo era preguiçoso e gostava de beber. Um dia, o irmão mais novo bebia em seu quarto quando o mais velho casualmente passou por ali.

O caçula chamou: Irmão, venha tomar um trago comigo!"

O mais velho respondeu com desdém: "Você não tem vergonha, mesmo. Quando é que vai deixar disso?"

O mais novo retorquiu: "Nem beber você sabe, irmão. Você não é homem".

Enraivecido, o mais velho contrapôs: Então, me diga, se não sou homem, o que é que sou?"

O mais novo respondeu: "Você é um Buda".

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A Carta do Cacique Seattle, em 1855


Chefe Sioux Touro Sentado - Clique sobre a imagem para vê-la ampliada

Em 1855, o cacique Seattle, da tribo Suquamish, do Estado de Washington, enviou esta carta ao presidente dos Estados Unidos (Francis Pierce), depois de o Governo haver dado a entender que pretendia comprar o território ocupado por aqueles índios. Faz já 147 anos. Mas o desabafo do cacique tem uma incrível atualidade. A carta:

"O grande chefe de Washington mandou dizer que quer comprar a nossa terra. O grande chefe assegurou-nos também da sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não necessita da nossa amizade. Nós vamos pensar na sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará a nossa terra. O grande chefe de Washington pode acreditar no que o chefe Seattle diz com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na mudança das estações do ano. Minha palavra é como as estrelas, elas não empalidecem.
Como pode-se comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia é estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do brilho da água. Como pode então comprá-los de nós? Decidimos apenas sobre as coisas do nosso tempo. Toda esta terra é sagrada para o meu povo. Cada folha reluzente, todas as praias de areia, cada véu de neblina nas florestas escuras, cada clareira e todos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na crença do meu povo.
Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um torrão de terra é igual ao outro. Porque ele é um estranho, que vem de noite e rouba da terra tudo quanto necessita. A terra não é sua irmã, nem sua amiga, e depois de exaurí-la ele vai embora. Deixa para trás o túmulo de seu pai sem remorsos. Rouba a terra de seus filhos, nada respeita. Esquece os antepassados e os direitos dos filhos. Sua ganância empobrece a terra e deixa atrás de si os desertos. Suas cidades são um tormento para os olhos do homem vermelho, mas talvez seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que nada compreende.
Não se pode encontrar paz nas cidades do homem branco. Nem lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o zunir das asas dos insetos. Talvez por ser um selvagem que nada entende, o barulho das cidades é terrível para os meus ouvidos. E que espécie de vida é aquela em que o homem não pode ouvir a voz do corvo noturno ou a conversa dos sapos no brejo à noite? Um índio prefere o suave sussurro do vento sobre o espelho d'água e o próprio cheiro do vento, purificado pela chuva do meio-dia e com aroma de pinho. O ar é precioso para o homem vermelho, porque todos os seres vivos respiram o mesmo ar, animais, árvores, homens. Não parece que o homem branco se importe com o ar que respira. Como um moribundo, ele é insensível ao mau cheiro.
Se eu me decidir a aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo que possa ser de outra forma. Vi milhares de bisões apodrecendo nas pradarias abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais valioso que um bisão, que nós, peles vermelhas matamos apenas para sustentar a nossa própria vida. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem os homens morreriam de solidão espiritual, porque tudo quanto acontece aos animais pode também afetar os homens. Tudo quanto fere a terra, fere também os filhos da terra.
Os nossos filhos viram os pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio e envenenam seu corpo com alimentos adocicados e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias. Eles não são muitos. Mais algumas horas ou até mesmo alguns invernos e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nestas terras ou que tem vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará para chorar, sobre os túmulos, um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso.
De uma coisa sabemos, que o homem branco talvez venha a um dia descobrir: o nosso Deus é o mesmo Deus. Julga, talvez, que pode ser dono Dele da mesma maneira como deseja possuir a nossa terra. Mas não pode. Ele é Deus de todos. E quer bem da mesma maneira ao homem vermelho como ao branco. A terra é amada por Ele. Causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo Criador. O homem branco também vai desaparecer, talvez mais depressa do que as outras raças. Continua sujando a sua própria cama e há de morrer, uma noite, sufocado nos seus próprios dejetos. Depois de abatido o último bisão e domados todos os cavalos selvagens, quando as matas misteriosas federem à gente, quando as colinas escarpadas se encherem de fios que falam, onde ficarão então os sertões? Terão acabado. E as águias? Terão ido embora. Restará dar adeus à andorinha da torre e à caça; o fim da vida e o começo pela luta pela sobrevivência.
Talvez compreendêssemos com que sonha o homem branco se soubéssemos quais as esperanças transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais visões do futuro oferecem para que possam ser formados os desejos do dia de amanhã. Mas nós somos selvagens. Os sonhos do homem branco são ocultos para nós. E por serem ocultos temos que escolher o nosso próprio caminho. Se consentirmos na venda é para garantir as reservas que nos prometeste. Lá talvez possamos viver os nossos últimos dias como desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará a viver nestas florestas e praias, porque nós as amamos como um recém-nascido ama o bater do coração de sua mãe. Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Protege-a como nós a protegíamos. Nunca esqueça como era a terra quando dela tomou posse. E com toda a sua força, o seu poder, e todo o seu coração, conserva-a para os seus filhos, e ama-a como Deus nos ama a todos. Uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus. Esta terra é querida por Ele. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum."

domingo, 6 de setembro de 2009

Prece da Raça Vermelha ( indigena )



Um homem sussurou: Deus fale comigo.
E um rouxinol começou a cantar, mas o homem não ouviu.

Então o homem repetiu: Deus fale comigo!
E um trovão ecou nos céus, mas o homem foi incapaz de ouvir.

O Homem olhou em volta e disse: Deus deixe-me vê-lo

E uma estrela brilhou no céu, mas o homem não a notou.

O homem começou a gritar: Deus mostre-me um milagre
E uma criança nasceu, mas o homem não sentiu o pulsar da vida.

Então o homem começou a chorar e a se desesperar:
Deus toque-me e deixe-me sentir que você está aqui comigo...
E uma borboleta pousou suavemente em seu ombro
O homem espantou a borboleta com a mão e desiludido
Continou o seu caminho triste, sozinho e com medo."

Viagem dos Iniciados



Usando agora os sentidos da alma, é bom vocês saberem que, enquanto o sol brilha lá fora, vocês brilham de amor aqui dentro.

É bom saber que vocês estão dando as mãos, estão se abraçando como ontem, e é melhor ainda saber que vocês poderão fazer isso hoje, amanhã, depois e depois...

Como disse o próprio Cristo, "Onde houver dois ou mais em meu nome, aí Eu estarei".

Quantos nós somos agora, em vários planos?

Vocês, nós, outros acima de nós, outros acima desses outros, e indo, indo, até chegar no Criador, acima de todos.

Olhando vocês com os olhos da alma, com os olhos internos, faz-me lembrar de um tempo antigo, e os meus olhos, então, se perdem na imensidão de imagens que estão perdidas há milhares de anos e que se descortinam na minha frente agora: as imagens de um passado distante, fulgurante de espiritualidade, onde em várias encarnações grupos de espíritos estudavam as mesmas coisas que vocês estão estudando atualmente.

Os meus olhos vão para longe e observam a velha Índia. Observam o movimento do rio Ganges, onde milhões de criaturas, através dos séculos, se banham nas suas águas sagradas, águas energizadas por milhares de anos de fé pura, onde, por trás da multiplicidade das formas da Divindade da cultura hindu, a figura de Deus é revestida através de mitos e lendas para melhor compreensão e entendimento.

E nós observamos o florescer do Yoga (1) há cinco mil anos.

Yoga é a união, é respirar o ar, é puxar o prana (2) do ar. É o ar saturado de prana cósmico que vem de uma Fonte Maior. Quando nós o respiramos, na verdade, estamos respirando a Vida, a Vida que o Criador deixou para nós, a Vida que nos interpenetra e que nós absorvemos na respiração. Absorvemos com o pensamento, absorvemos com o sentimento, com a aura e com os chacras.

Essa energia só pode se manifestar corretamente através de auras e de chacras corretamente desenvolvidos, porém o desenvolvimento não é só através da vontade, da disciplina, do esquema, ou do método. É principalmente baseado em amor puro, em sentimento fraterno, é olhar cada chacra com sentimento, e olhar cada aberturinha da sua aura como um pequeno canal que liga o Ser ao mundo exterior, por onde você respira a Divindade, através da energia e através do ar.

E eu olho para trás e vejo os milhares de yogues através de séculos fecundando o solo da Índia de espiritualidade, germinando sementes para o futuro, futuro que é agora. Vemos, então, a plantação das sementes que viriam a gerar as árvores da sabedoria milenar entre os hindus.

Os meus olhos vão mais acima e enxergam a cadeia montanhosa dos Himalaias com os seus montes nevados, suas cavernas iluminadas por gerações e gerações de yogues que tentaram, através de práticas ascéticas, abrir o canal para fazer uma ligação com a Vida Suprema, que é a Vida da gente.

E o meu olhar, perdendo-se na imensidão da antiga Índia, dos Himalaias e do Tibete, o meu olhar feliz vê o florescimento de vários super-homens que foram canal dessa força Crística através dos séculos: Bábaji, Láhiri Mahásaya, Kabir, Ramakrishna, Mahavira, Ramananda e RamaYanda.

O meu olhar ultrapassa os Himalaias e agora observa a China imemorial, observa o florescer da técnica da manipulação das energias, observa o florescer do Zen, observa o crescimento do Budismo, observa gerações de monges meditando, meditando e meditando... buscando a ligação com essa força Crística.

Observo o florescer do Taoísmo, de um filosofia calcada em valores reais, valores de luz e observo também os outros super-homens, canais da força Crística: Fo-Hi, Lao-Tsé, Confúcio – e da velha China brilha o ouro, o ouro da energia, uma energia dourada.

Desvio novamente o meu olhar pelo passado e vejo a velha África com suas savanas, seus animais, suas florestas e seu povo inocente, mas rico em tradições. Observo os africanos ancestrais produzindo rituais, usando os elementos da natureza, e observo uma palavra crescer na egrégora (3) da África: MAGIA – a habilidade de extrair as forças da natureza e se servir delas como canal.

Como canal dessa energia, todo aquele que desenvolve esse potencial para o progresso é chamado e dignificado de Mago Branco.

O meu olhar vai para a parte superior da África, ao encontro das velhas pirâmides do Egito, ao encontro com o Deus Amon-Rá, o Deus-Sol, ao encontro com a manifestação trina de Osíris, Ísis e Hórus, ao encontro com a sabedoria de Hermes Trismegisto, Inhotep e Amenófis. E observo o desenvolver da técnica do desenvolvimento da projeção astral dentro dos templos e das pirâmides.

Observo também o florescer de técnicas antigas de mediunidade.

E dos antigos iniciados do Egito, da África, da Índia, do Tibet, do Himalaia e da China, eu vejo brotar LUZ.

E o meu olhar agora passa pela Europa e atravessa o Atlântico e olha as Américas.

Passo pela América do Norte e vejo os rituais das tribos Peles-Vermelhas tentando fazer uma integração com o Deus Sol, tentando capturar o prana através de rituais específicos e através de tradições riquíssimas, baseadas na força da Mãe-Terra e no entendimento do coração das Leis da Natureza.

Meu olhar espiritual vai descendo e capta as imagens da América Central. Vejo o florescer dos Maias e dos Astecas. Vejo novamente a tentativa de querer integrar-se com a Força Crística através do sol, a fonte de luz e de prana que dá Vida a este Planeta.

Meu olhar vai descendo para a América do Sul e o tempo segue girando na minha frente, e eu vou me encontrando agora perto do presente. Vejo o florescimento da tribo Tupi-Guarani, herdeira dos Atlantes perdidos, que navegaram e foram parar no centro da América do Sul, mesclando-se com os índios daquela região, gerando a tribo Tupi-Guarani, que também cultuava o Deus Sol como fonte de luz e, por sua vez, esse Sol que é a Vida da Vida e a Vida da Terra, esse Sol que é apenas a manifestação externa da força Crística e a sua materialização em forma de luz, calor e vida.

E o meu olhar finalmente pára no presente, agora na direção do Atlântico Sul, no Brasil, trazendo todas essas imagens do passado, de gerações de iniciados que trabalharam pela preservação da chama espiritual. Eu vejo agora centenas de iniciados antigos reencarnados no Brasil.

E o meu olhar projeta lágrimas de sentimento, de alegria e de satisfação de saber que vocês não esqueceram da iniciação que vocês já passaram, de saber que vocês estão resgatando a sabedoria antiga do Amor e da Espiritualidade.

- Rama -
(Recebido espiritualmente por Wagner Borges)

Kyūdō (弓道) | O que é Kyūdō?



O Japão possui inúmeras artes marciais, dentre elas, a mais antiga é o Kyūdō(弓道,O Caminho do Arco).A arte do arco e flecha, assim como outras artes japonesas, busca expressar o equilíbrio entre mente e espírito. Possui uma rica história e suas tradições são muito respeitadas no Japão. Estudiosos da cultura japonesa consideram o Kyūdō como sendo umas das mais puras artes marciais japonesas Budô(武道、o caminho do guerreiro).

Influências da cultura zen-Budista e do shintoísmo são visivelmente percebidos. Pode-se notar as marcas do shintoísmo no respeito refinado demonstrado ao arco e ao dojô (local onde acontece a prática). Por outra perspectiva, a clutura zen-budista legou influências na filosofia e nos costumes do Kyūdō.

Não se trata de focar um alvo exterior, mas o arqueiro e o alvo estão unidos, integra-se o alvo a si mesmo. É preciso esquecer o arco que atira, esquecer-se a si mesmo, fazer-se um com o arco e o alvo, esticar em direção ao infinito sem conhecer o ponto de chegada.

Mestre Toko Anzawa

Os praticantes do Kyūdō, na realidade, não se envolvem com essa arte para apenas aprender a atirar flechas. Ser parte do arco para atingir suas metas e ter um melhor entendimento sobre si mesmo são alguns dos motivos que podemos destacar. Ter um domínio quanto aos modos, compreensão da cultura dessa arte e prática das habilidades envolvidas são buscas constantes. O Kyūdō também mostra-se ser uma referência, para nós ocidentais, no intuito de melhor entendermos e aprender um pouco do pensamento japonês.

Fonte: http://www.nipocultura.com.br

O Bushidô

http://www.fjjece.com.br/images/bushido.jpg


A concepção que o ocidente costuma atribuir ao Bushidô (literalmente, o caminho do guerreiro; no ocidente, livremente traduzido como código de honra do guerreiro samurai), é algo restrito apenas à conduta dos samurais. Como guerreiros, adestravam-se nas artes da esgrima, do arco e flecha, da equitação, nas diversas formas de luta corporal e nas extraordinárias habilidades dos ninjassamurais extremamente ágeis e hábeis em camuflagem, simulação, espionagem e sabotagem – concomitantemente, primavam sua conduta pela lealdade, coragem, honra e respeito.

Para se compreender a essência do Bushidô, é preciso mergulhar nas suas origens ideológicas, mais do que ler e entender a obra Hagakure, de Tsunetomo Yamamoto, considerada a origem escrita do Bushidô, a partir da qual o mundo conheceu a idéia nipônica do caminho do guerreiro. Tsunetomo Yamamoto foi samurai em fins do século XVII do feudo de Saga, servindo ao daimyô Nabeshima, e depois, monge zen-budista num templo perto do monte Kinryu. Como monge, vários discípulos ouviam-lhe as sábias palavras da doutrina budista e samuraica, mas nunca escreveu nada. Um dos discípulos, Tsuramoto Tashiro, atentamente registrou as palavras do mestre compiladas em onze volumes, a que intitulou “Hagakure” (oculto nas folhas), da qual se extraiu a ética do Bushidô. Obra escrita em estilo clássico, de difícil compreensão para leigos, foi interpretada e condensada pelo professor Tatsuya Naramoto. Mesmo esta interpretação é ainda de difícil compreensão para não familiarizados com a cultura samuraica. Vale dizer, para quem não conhece as raízes ideológicas da cultura japonesa.

Mas o Bushidô não nasceu dos onze volumes do Hagakure. Pelo contrário. O Hagakure é que nasceu do Bushidô. Esta obra apenas deu existência escrita a algo que já existia na alma do japonês. As normas de conduta determinando a função e o comportamento em sociedade havia sido regulamentado pelo Estatuto Militar do século XVII, “Buke hatto”, promulgado no xogunato Tokugawa, mas o lado ético do guerreiro, a raiz invisível da ideologia que se formou ao longo de muitos séculos, era conhecida apenas por provérbios e sentenças, algumas escritas, esparsas, mas profundamente arraigadas na cultura do povo. Suas origens perdem-se no tempo mas possivelmente foram surgindo à medida que as ideologias chinesas eram aceitas e incorporadas à primitiva. Esta origem foi não apenas o nascedouro do Bushidô, mas também dos princípios ideológicos que moldaram as artes e a alma do povo japonês. Na sociedade japonesa feudal, a figura do guerreiro samurai – considerada a excelência de ideal de todo homem - foi quem mais visibilidade deu ao Bushidô.

Samurai é palavra derivada do verbo saburau, que significa apenas servir.

O prof Rizo Takeuchi, em sua obra “Bushi no Tôjô – entrada em cena dos samurais – , cita que já no Nihon shoki(crônicas do Japão), escrito em 720, existem referências à figura do saburai-bito, pessoa que serve, que acompanha o patrão.

No período Heian (794-1192), o saburai serve aos nobres no palácio, já então dentro de uma hierarquia que o situava acima de outros criados e servidores comuns, mas não exercia ainda funções militares.
O aprendizado do Bushidô consiste em educar e amalgamar ao espírito supremos valores éticos e morais. É assumi-los como conduta máxima irrefutável e insubstituível, superior à qualquer outra. É o preparo espiritual e psicológico para trocar, se preciso for, a essencialidade da vida por estes valores.

Para o espírito do Bushidô seus valores são superiores à vida. Esta é finita, os valores são eternos. Em outras palavras, o homem é finito mas não seu nome. Os valores espirituais superam os valores materiais. Somos parte efêmera de uma humanidade que se eterniza em valores imutáveis. A matéria é mutável, está em constante transformação, a vida é impermanente, transforma-se a todo instante, segundo a doutrina budista. Morrer é o destino de todo homem, mas deixar nome honrado é apenas para o homem superior. Lê-se em Confúcio, a relativização da morte face a outro valor superior: no caso, a perpetuação de uma nação.

“os requisitos do governo são três: abundância de alimento, suficiente poder militar e confiança do povo no governante”. Tsze-kung disse, “se for preciso eliminar um desses requisitos, qual deles sacrificaremos primeiro?” “o militar”, respondeu Confúcio. Tsze-kung repetiu a pergunta quanto ao segundo requisito a ser eliminado e a resposta foi que “o alimento; a morte está no destino do homem; mas se o povo não tem fé (em seus chefes) não haverá salvação (para o estado)”.

São consideradas fontes do Bushidô: o budismo que deu ao guerreiro o conforto psicológico na vida além da vida e lhe ensinou a perecibilidade da matéria; o xintoismo que lhe deu orgulho de seus antepassados e lhe ensinou o amor e o respeito a todo ser humano pela sua origem divina; o confucionismo que lhe ensinou a ética social. (vide “a alma do povo japonês: conseqüência no ideário do guerreiro”); do zen-budismo o guerreiro aprendeu que a perfeição está no fazer, está na ação; que o melhor adestramento para sua arte consiste em esvaziar a mente para que o inconsciente o conduza ao caminho da perfeição.(vide: “a alma do povo japonês: conseqüência nas artes“).

No zen-budismo há um conto que ilustra alguns dos princípios.

Bankei era um monge zen-budista famoso por sua sabedoria. Os retiros de treinamento espiritual que promovia recebia discípulos do Japão inteiro. Numa ocasião, monges flagraram um discípulo praticando furto. Levaram o fato ao conhecimento de Bankei, mas este nada disse e nenhuma providência tomou. O fato tornou a ocorrer e os monges, irados, exigiram que Bankei expulsasse o infrator. Caso não o fizesse, abandonariam o retiro. Disse o mestre: vocês podem abandonar o treinamento porque já sabem o que é certo e o errado, mas este monge não. Se eu não o acolher, que templo acolherá um monge errante? Eu ficarei com ele, até que desperte e vocês podem ir embora. O monge infrator chorou copiosamente despertando naquele instante.

A introdução da ética confucionista apenas confirmou a lealdade ao superior e o respeito à família, já praticadas no Japão e reforçando a virtude da sabedoria.
Este caldo cultural formou a excelência do homem japonês na figura do samurai. Guerreiro orgulhoso, ético, leal, habilidoso, corajoso, culto e destemido diante da morte. Assim como o autor intelectual do Hagakure, Miyamoto Musashi, considerado o mais hábil espadachim japonês de todos os tempos, após vencer 60 duelos resolveu ser monge, poeta e pintor de sumi-ê. O cultivo do intelecto faz parte do ideal budista, cujo ápice é alcançado pelo estado de iluminação, atingido por Buda. Segundo essa doutrina, a salvação só se dá pela sabedoria, pela perfeita compreensão dos ensinamentos.

Para o samurai, o tripé ideológico que sustenta o Bushidô é chi (sabedoria), jin (benevolência) e yu (coragem). Para o Bushidô, o guerreiro deve dominar a arte da esgrima, do arco e flecha, jujutsu, equitação, lança, tática e estratégia militar, caligrafia, literatura, aí compreendidas as diversas formas de poesia, ética e história. A aritmética era indispensável apenas para os estratagemas militares, pois o samurai não se envolvia nas relações com o dinheiro, considerada indigna de um guerreiro, e deixava a aritmética monetária para cabeças menos privilegiadas. Sabia ser o dinheiro o sustentáculo de uma guerra, mas não o elevava ao grau de virtude. A poupança era conseqüência da frugalidade. Para os adeptos do Bushidô não se podia pagar em ouro ou prata os serviços de um sacerdote ou de um professor. Não que não valessem. Mas porque eram inestimáveis. Na moderna Economia paga-se “por serviços cujos resultados sejam definidos, tangíveis e mensuráveis, enquanto que o melhor serviço feito em educação – notadamente, no desenvolvimento da alma (e isso inclui os serviços de um pastor), não é definido, tangível ou mensurável. Sendo imensurável, o dinheiro, a medida ostensiva de valor, é de uso inadequado”, explica Inazo Nitobe.

Objetivamente todo o mandamento do Bushidô era resumido nas palavras “Bun-bu-ryodo” (o caminho do pincel e da espada), ou seja, conhecimento mais habilidade técnica, mandamento para o espírito, mente e corpo. Adestrar primeiramente o espírito, governo da mente e do corpo.

São considerados mandamentos éticos do Bushidô, segundo José Yamashiro: retidão ou justiça, giri (pronuncia-se guiri) , palavra japonesa que significa senso de justiça e dever, coragem, benevolência, polidez, veracidade e sinceridade, honra, dever e lealdade.
Segundo Mencius (Meng Tzu, filósofo chinês – 372 – 289 a. C.), benevolência é a mente do homem e a retidão ou honradez, seu caminho. “Quão lamentável”, exclama ele, “é negligenciar o caminho e não procurá-lo, perder a mente e não saber como procurá-la novamente!”.

A palavra de um samurai – bushi no ichigon – era garantia de veracidade. O juramento ou o compromisso escrito era considerado algo abaixo da sua palavra, portanto, desonroso e indigno.
Durante mais de um milênio com predominância dos sete séculos que durou o governo dos xoguns, os samurais foram considerados a elite intelectual, política e social do Japão antigo. Com a Reforma Meiji de 1868 foi extinta a classe dos samurais, mas tão longo reinado da ideologia criou raízes na alma deste povo que permanecem vivas hoje e possivelmente ainda por muito tempo. O “Bushidô”, como intitula originariamente seu livro Inazo Nitobe, é “a alma do Japão”. (no Brasil lançado como “Bushidô – alma de samurai”).

Referências:
História dos samurais – José Yamashiro – 2ª ed – ed Aliança Cultural Brasil-Japão – Masao Ohno
Will Durant – História da Civilização – Nossa herança oriental – vol II – Cia Editora. Nacional – ed 1942
Inazo Nitobe – bushidô – alma de samurai
Para saber mais: O crisântemo e a espada – Ruth Benedict – editora Perspectiva
José Yamashiro – A História dos Samurais

Paw Nokoko e o sapo comedor de moscas





Um sapinho da espécie Bufo saltitava distraidamente num bosque quando caiu num poço. estava escuro,mas ele logo sentiu que era um lugar acolhedor com água e comida farta.porem o melhor é que havia uma planta rara que exalava um fedor de carniça que atraia uma espécie de mosca que o sapinho comia com deleite.

E assim o tempo foi passando e o sapo Bufo engordando.
Até que um sapo velho passou por ali e ouviu o coaxar do sapo Bufo no fundo do poço.
“ei!”, gritou o sapo velho, “o que você fazendo ai no fundo deste poço escuro e fedorento?”
“comendo moscas deliciosas”, respondeu o sapo Bufo.
“Aqui fora tem muitas outras coisas deliciosas”, acrescentou o velho sapo.
“dê um exemplo!”
“a luz! a liberdade...

E fez uma digressão tão convincente sobre aquelas coisas deliciosas que o sapo Bufo se interessou em sair do poço. Deu vários pulos, mas não conseguia alcançar a borda.
Então o velho sapo jogou uma linha para o sapo Bufo subir, mas ele estava tão pesado que, bufando, não conseguia subir nem um metro.

O sapo velho disse-lhe:
“você está muito pesado de tanto comer estas moscas suculentas. vou lhe dar uma disciplina alimentar para que você emagreça e possa sair daí.”
Eram umas poucas, mas efetivas regras...
O sapo Bufo, alentado pelas palavras do velho sapo, seguiu as regras e emagreceu um pouco. e tentou subir novamente.

No meio do caminho uma das suculentas moscas passou por ele rumo às flores fedorentas. o sapo Bufo não agüentou –deu um pulo no ar tentando apanhar a mosca.
E caiu até o fundo onde se fartou comendo muitas moscas...
E começou a gritar: ”velho imundo! não existe luz nem liberdade, coisa nenhuma! só as moscas!”
E sempre que outro sapo velho tentava convencer-lo a sair ele o criticava asperamente, ironizando a luz e a liberdade.

Moral prashantetica- quem não quer sair do fundo do poço vira um sapo critico comedor de moscas.

FONTE: "O Dragão com Asas de Borboleta e Outras Estórias Zen-Taoístas" - Sw.Deva Prashanto

sábado, 11 de julho de 2009

Monólogo de um Vampiro Psíquico



“Sou o Espírito da treva, a Noite me traz e leva; moro à beira irreal da Vida...".

Eu sou o mais tenebroso de todos os Vampiros.

Não sinto gozo somente perfurando sensíveis membranas de jugulares virginais para sentir o sabor de hemoglobina. Embora algum débil tenha afirmado que "a alma da carne esteja no sangue", e que sangue é vida, no meu entendimento psicossomático, vejo a manifestação da alma na mente, e ela é minha!

Não preciso sujar minhas presas, nem beber sangue, para sugar a seiva anímica de alguém.

Para manter a minha eternidade, Eu sugo almas, esta é uma forma mais refinada de alimentação.

Meu prazer consiste em devorar os centros; intelectual, motor, instintivo, emocional e sexual de cada ser humano. Invado as profundezas de cada vítima, em busca da pedra oculta.

Ao drenar estes centros, tenho o poder de criar ilusões, manipular, ler pensamentos...

Tenho visão telepática, e utilizo a arte psicomântica e o poder de cura, e de destruição para o meu benefício.

Como os outros Vampiros, sou capaz de me transformar em qualquer espécie de animal: morcego, lobo, cão, pássaro... Bem como em criaturas estranhas e imaginárias.

Intimamente, sou o Leão que ruge, procurando a quem devorar. No entanto, prefiro me transformar num homem comum, ou no líder religioso, no político eloqüente, ou nas letras escritas por um ávido Escritor.

A cruz, A Bíblia e o alho não me afugentam. Pelo contrário, bebo água benta para aliviar minhas ressacas, e nas procissões Eu sou o Luciferário.

Sou um manipulador da fé, pois dessa forma consigo atrair mais vítimas. Monto belíssimas igrejas e ofereço conforto espiritual e material em programas de televisão, tudo em nome de Deus.

Nenhuma Lei dita sagrada é verdadeira para mim; nenhum dogma consegue deter minha voz.

"Eu deixo para trás todas as normas que não levam ao meu sucesso e alegria terrenos. Eu me ergo impassível comandando a invasão da lei do mais forte!

Eu olho dentro dos olhos vítreos do seu terrível Deus e o agarro pelas barbas; eu ergo um machado e então racho seu crânio devorado por vermes!

Eu me liberto do sepulcro formado por conteúdos doentes de filosofias vãs e gargalho com um sarcasmo cheio de ira".

Gosto de me aproximar, de abraçar, de apertar as mãos de minhas vítimas. Para inflar o meu peito em ardente escárnio.

Sejam eleitores imbecis ou fiéis idiotas, sempre os trato com o carinho de uma mãe para com o seu filho único, antes de devorá-los.

Proporciono à minha vítima escolhida, imagens de paz e amor, bondade, prazer e luxúria. De acordo com o temperamento, proporciono as imagens que ela sempre gostaria de ver, e faço-a sonhar. E abraço-a como um amante.

Então, começo a sugá-la, não sugo muito, pois a vítima pode ficar muito debilitada. Ou até morrer, o que não é o meu objetivo, pois preciso de escravos para o meu séquito.

Quando encontro alguém que me agrada, procuro olhar fixamente nos seus olhos. Penetro vorazmente no fundo de seu inconsciente.

Ao dormir, ela passa a ter sonhos gozosos, que permanecem por alguns dias, até que cedo ou tarde, ela me convida para a sua cama.

Então, ofereço-lhe alegrias inimagináveis, paz indescritível, êxtase... A cada gemido de prazer e dor, me sinto mais forte. Esta é a minha forma preferida de exaurir.

Sem energia, sem vontade, a vida torna-se um fardo. A depressão tornar-se constante companheira. E tudo parece dar errado, quando Eu não estou presente.

Os familiares e amigos são abandonados, largados ao mofo. Os pesadelos tornam-se freqüentes. Nada neste mundo parece real.

A percepção fica alterada, e seus valores invertidos.

"As poderosas vozes da minha vingança arruinarão a calmaria do ar e se manterão como monólitos de fúria mortal sobre um solo de serpentes retorcidas. Eu me torno uma monstruosa máquina de aniquilação para aqueles fragmentos ulcerosos do corpo daquele que tentou deter-me".***

Desejo apenas que se multiplique a dor causada pela minha crueldade.

E o sono, o sono...

O belo artifício da morte começa envolver como um cobertor numa noite fria.

Então, continuará pensando que sou coisa da imaginação humana.

E como se Eu me sentisse vivo novamente, Continuarei existindo.

Na busca do amor...

Que procuro, mas não tenho por quem chorar.

Nem com quem sorrir...

O beijo...

E o corpo que por alguns instantes me fez se sentir vivo...

Não mais...

E já que não posso amar...

Agradeço por ter me convidado a entrar em sua mente.

E ter aberto a sua alma para que Eu pudesse penetrá-la devagar.

Daqui por diante, você carregará também esta lúgubre maldição.

E "Viverá! Viverá doravante sobre esta estranha ponte, que começa onde acaba a vida e termina onde começa a morte".

Pois mesmo quando Eu, quebrando a roda do Samsara, e definitivamente adentrar no fundo do abismo do espaço, sempre estarei em você, e naqueles que lerem ou ouvirem as minhas insalubres palavras.


Assim Falava Zaratrusta (Zoroastro)


“De todo o escrito só me agrada aquilo que uma pessoa escreveu com o seu sangue. Escreve com sangue e aprenderás que o sangue é espírito.

Não é fácil compreender sangue alheio: eu detesto todos os ociosos que lêem.

O que conhece o leitor já nada faz pelo leitor. Um século de leitores, e o próprio espírito terá mau cheiro.

Ter toda a gente o direito de aprender a ler é coisa que estropia, não só a letra mas o pensamento.

Noutro tempo o espírito era Deus; depois fez-se homem; agora fez-se populaça.

O que escreve em máximas e com sangue não quer ser lido, mas decorado. Nas montanhas, o caminho mais curto é o que medeia de cimo a cimo; mas para isso é preciso ter pernas altas. Os aforismos devem ser cumieiras, e aqueles a quem se fala devem ser homens altos e robustos.

O ar leve e puro, o próximo perigo e o espírito cheio de uma alegre malícia, tudo isto se harmoniza bem.

Eu quero ver duendes em torno de mim porque sou valoroso. O valor que afugenta os fantasmas cria os seus próprios duendes: o valor quer rir.

Eu já não sinto em unísono convosco; essa nuvem que eu vejo abaixo de mim, esse negrume e carregamento de que me rio, é precisamente a vossa nuvem tempestuosa.

Vós olhais para cima quando aspirais a vos elevar. Eu, como estou alto, olho para baixo.

Qual de vós pode estar alto e rir ao mesmo tempo?

O que escala elevados montes ri-se de todas as tragédias da cena e da vida.

Valorosos, despreocupados, zombeteiros, violentos, eis como nos quer a sabedoria. É mulher e só lutadores podem amar.

Vós dizeis-me: “A vida é uma carga pesada”. Mas, para que é esse vosso orgulho pela manhã e essa vossa submissão, à tarde?

A vida é uma carga pesada; mas não vos mostreis tão contristados. Todos somos jumentos carregados.

Que parecença temos com o cálice de rosa que treme porque o oprime uma gota de orvalho?

É verdade: amamos a vida não porque estejamos habituados à vida, mas ao amor.

Há sempre o seu quê de loucura no amor; mas também há sempre o seu quê de razão na loucura.

E eu, que estou bem com a vida, creio que para saber de felicidade não há como as borboletas e as bolhas de sabão, e o que se lhes assemelhe entre os homens.



Ver revolutear essas almas aladas e loucas, encantadoras e buliçosas, é o que arranca a Zaratustra lágrimas e canções.

Eu só poderia crer num Deus que soubesse dançar.

E quando vi o meu demônio, pareceu-me sério, grave, profundo e solene: era o espírito da gravidade. Por ele caem todas as coisas.

Não é com cólera, mas com riso que se mata. Adiante! Matemos o espírito da gravidade!

Eu aprendi a andar; por conseguinte corro. Eu aprendi a voar; por conseguinte não quero que me empurrem para mudar de sítio.

Agora sou leve, agora vôo; agora vejo por baixo de mim mesmo, agora vive em mim um Deus”.

Assim falava Zaratustra

A Arte de Aprender Dormindo


Estudante A:
Há algum tempo, venho estudando com regularidade a teosofia clássica de H. P. Blavatsky. Mais recentemente, começaram a surgir idéias inspiradoras em minha mente no momento em que estou acordando. Outras vezes, isso acontece quando estou para adormecer. Compreensões, percepções, e até frases inteiras vêm à minha mente. Algumas delas são respostas para perguntas. Outras são maneiras de entender e de explicar questões relacionadas à vida, ao ser. São idéias sobre situações abstratas. Em geral, porém, não consigo fixá-las na memória. Você tem idéia sobre como, ou por que motivo, ocorre isso?
Estudante B:
O estudo calmo e profundo de teosofia, feito com regularidade, não muda só a qualidade de vida em estado de vigília. Ele transforma também a qualidade e a substância do sono e dos sonhos do estudante.
Cedo ou tarde, o aluno começará a ter acesso a ensinamentos “essenciais”, em dimensões sutis, enquanto seu corpo está adormecido. A expansão de consciência durante o estudo em estado de vigília permite alcançar novos níveis de libertação enquanto o corpo está adormecido.
Na verdade, o aprendizado do eu superior inclui planos da realidade que só se pode vivenciar quando o “eu” está fora do corpo. O resultado deste aprendizado sutil “desce” como um orvalho sobre o cérebro físico, quando este desperta; mas o faz com tamanha suavidade que não é fácil registrá-lo em palavras, nem lembrar dele com precisão. É verdade que, depois de vários anos de estudo de teosofia, esta dificuldade tende a diminuir pouco a pouco. Porém, mesmo quando o cérebro físico capta alguma coisa do processo, ele só consegue trazer uma “fatia” estreita e limitada do que realmente ocorreu em níveis mais sutis. Felizmente, nada se perde do ensinamento ou das vivências “fora do corpo”. O que se aprendeu no plano sutil vai inspirando “por osmose” a vida do indivíduo em vigília, à medida que ele avança no estudo e na reflexão da filosofia teosófica. A vida em vigília passa a ter uma relação renovada com a vida durante o sono e o sonho. A aprendizagem espiritual abrange então as 24 horas do dia. Mais cedo ou mais tarde, todo estudante dedicado desperta para este processo.
Estudante A:
O aprendizado ocorre de modo individual e isolado, ou o aprendiz pode receber ajuda?
Estudante B:
Nenhum estudante sério de teosofia está interiormente isolado ou esquecido. Ao mesmo tempo, a ajuda sutil a receber depende do seu discernimento, do seu esforço, e do seu mérito. Ele deve ajudar para ser ajudado. E não será ajudado “por alguém”, mas sim pela Vida mesma, pela Lei, ainda que seja através de uma ou mais pessoas.
Em “Cartas dos Mahatmas”, vemos uma passagem em que um Raja-Iogue dos Himalaias menciona alguns dos meios pelos quais os Mestres se comunicam com seus discípulos leigos e com pessoas de boa vontade .em qualquer lugar do mundo. Entre eles, está a técnica de colocar idéias ou “sementes de idéias” junto à aura do aprendiz, de modo que ele as perceba ao despertar.[1] Mas o mais frequente, quando temos idéias inspiradoras ao despertar, é que elas sejam impressões vindas de processos meditativos ocorridos durante o sono, e que se imprimam por um momento, de modo ainda que tênue, sobre o cérebro físico.
No entanto, os Mestres também podem usar este sistema de comunicação. Existem “discípulos leigos inconscientes”. Mesmo sem ter uma clara consciência cerebral deste fato, estes aprendizes “inconscientes” participam da corrente “astral” de consciência coletiva altruísta, anônima e planetária dos Mestres e seus Discípulos. Eles tomam parte desta corrente sutil de “boa vontade planetária” enquanto seus corpos estão adormecidos. Eles fazem isso com plena autonomia e livre arbítrio, mas, por diversos motivos, que dependem das circunstâncias e do seu carma individual, ao acordar não lembram do processo em seu cérebro físico.
Assim, a consciência cerebral dos vários tipos de vivência espiritual durante o sono ocorre apenas em uma pequena parcela dos casos. Há um grande número de razões para que estes fatos sutis raramente sejam captados pelos mecanismos mais conhecidos do cérebro físico.
Estudante A:
Quais são as razões?
Estudante B:
Um dos motivos é que o nível comum do cérebro só consegue registrar informações de modo visual ou verbal. Ocorre que tanto o que é visual (imagem) como o que é verbal (som) dependem dos cinco sentidos, mesmo que a imagem e o som sejam subjetivos. Estes são processos que têm uma relação estreita com o hemisfério cerebral esquerdo; porém, os ensinamentos e as vivências realmente espirituais estão acima de todo som, toda palavra e toda imagem, e ocorrem sobretudo no hemisfério cerebral direito.
Quando o aprendiz consegue colocar em palavras algo da inspiração recebida durante o sono-sonho, ele é consciente de que, ao registrar no papel, ele deixa de fora a maior parte do que foi essencialmente captado ou “percebido” por ele ao acordar. A diferença entre o relato ou memória e a percepção em si mesma é como a diferença entre olhar diretamente o nascer do sol, pela manhã cedo, ou ver uma descrição escrita e detalhada do nascer do sol, no jornal do dia seguinte. A descrição e a memória podem ser úteis, sem dúvida: mas serão sempre um pálido reflexo do fato que tentam registrar. Por isso, o mais importante, para alguns, é capturar a “sensação espiritual” e não tanto transformar aquela percepção complexa em palavras precisas. A “sensação” sintetiza tudo. Para outros, porém, o mais eficiente é dormir com papel e caneta ao alcance da mão, na mesa de cabeceira, e tomar nota das idéias que surgem quando sua consciência está na fronteira entre o sono e a vigília. Cada um deve experimentar e descobrir o que é mais eficiente em seu caso. Em algumas situações, as imagens e “lições” podem “acordar” o estudante no meio da noite, como se algo nele soubesse que elas devem ser anotadas. Vários tipos de idéias, decisões e percepções podem surgir deste modo. O motivo é simples: o estudo calmo e regular da teosofia clássica amplia no aprendiz o contato entre os estados de consciência do sono, do sonho e da vigília. As “paredes divisórias” entre a vigília e o sonho se tornam mais finas. Por isso Damodar Mavalankar e William Judge escreveram sobre processos de meditação integral, que ocorrem ao longo das 24 horas do dia. São os mais eficazes.
NOTA:
[1] “Cartas dos Mahatmas Para A.P. Sinnett”, Ed. Teosófica, Brasília, volume I, Carta 5, página 60. A expressão usada pelo Mahatma é “impressões ao despertar”.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Uma Breve Introdução Sobre os Vedas


Basicamente os Vedas são as quatro escrituras básicas (Rg, Yajur, Sama e Atharva-Vedas), os Puranas (cujo principal é o Srimad Bhagavatam), os épicos - o Mahabharata (do qual o Bhagavad-gita é a seção mais importante) e o Ramayana, os Upanishads, os Sutras (mais famosos sendo o Vedanta Sutra e o Yoga Sutra), as ciências auxiliares (ayurveda, astrologia, etc.) e os comentários ou livros escritos pelos grandes mestres baseado nesses textos.

As quatro escrituras, Rg, Yajur, Sama e Atharva-Vedas, descrevem os elaborados rituais e mantras usados na religião do povo nos tempos védicos, que se centrava na adoração de semideuses (ou deuses da natureza). Assim, como encontramos praticamente em toda a parte do mundo antigo (Grécia, Roma, Egito, Norte da Europa, América do Sul, etc.) a adoração de seres como o deus do sol, deus dos ventos, do mar, etc., também encontramos exatamente isso como sendo a religião popular da época védica. Por envolverem intricados rituais que não são mais seguidos, essas quatro escrituras não são úteis atualmente. Nelas praticamente não encontramos a verdadeira jóia do conhecimento e práticas espirituais de auto-realização em yoga, em puro amor ao Senhor Supremo.

Os Upanisads são muito em número (mais de 108). São tratados filosóficos sobre a Verdade Última, sobre a Realidade. Entre os Upanishads, um dos mais importantes é o Sri Isopanishad (disponível em Português impresso e em áudio MP3). Ele se destaca por ser o único que é diretamente parte de uma das quatro escrituras básicas, sendo parte do Yajur Veda.

O Srimad Bhagavatam é o Purana mais famoso e um livro de espantosa beleza, profundidade, riqueza, filosofia e sabedoria. Ele revela em grande detalhe a natureza de Deus, da alma, do “reino de Deus”, do mundo material, do processo de auto-realização, do problema e inutilidade inerente da adoração de semideuses e importância de buscar Deus acima deles, do efeito da consciência na matéria e vice-versa e muito mais. O livro tem 12 Cantos, com mais de 14 mil versos. Sua versão traduzida e comentada por Srila Prabhupada contém 19 mil páginas e está disponível em Português.

O Bhagavad-gita tem toda uma posição especial dentre os Vedas (ou literatura védica), pois apresenta o aspecto mais refinado da filosofia e prática espiritual védica - o caminho da auto-realização em yoga. É um resumo de toda a espiritualidade e filosofia da cultura védica. É o texto mais importante sobre yoga e auto-realização e é aceito como o livro base da tradição da espiritualidade e religião da Índia.

No Bhagavad-gita se descrevem as diferentes etapas do caminho do yoga (karma, jnana e bhakti). De todas as práticas de yoga, Krisna explica no Bhagavad-gita, no verso 6.47, que a prática superior é bhakti-yoga (yoga com devoção ou consciência de Krishna). A conclusão do Bhagavad-gita é que a essência de todo o conhecimento védico é a pura consciência de Krishna. Essa declaração encontramos no Capítulo 15, verso 15, onde Krishna diz, “Através de todos os Vedas, é a Mim que se deve conhecer. Na verdade, sou o compilador do Vedanta e sou aquele que conhece os Vedas.”.

Fonte: http://giridhari.com.br/introducao/o-que-sao-os-vedas/