segunda-feira, 15 de junho de 2009

Um Vasto Campo de Estudos


A Literatura da Teosofia Original
Pergunta:
Em seus estudos, o e-grupo SerAtento dá um destaque especial às “Cartas dos Mahatmas”, a “Ísis Sem Véu” e “A Doutrina Secreta”, de H.P.B. Qual é o motivo disso?
Comentário:
A bibliografia e o campo de interesse do estudante de teosofia devem ser variados. O teosofista estuda a sabedoria universal, cujo horizonte é tão vasto quanto os limites do saber humano. Por outro lado, podemos dizer que as três obras citadas formam uma grande Tríade luminosa – um triângulo de fontes de inspiração. Se a elas somarmos “A Voz do Silêncio” (de HPB) e “Luz no Caminho” (de Mabel Collins) – dois tratados místicos – teremos um pentagrama. Com “A Chave para a Teosofia”, chegamos a um hexagrama, a estrela de seis pontas – ou dois triângulos entrelaçados. E isso não é tudo. A estrela de seis pontas tem no seu centro um sétimo elemento, que é oculto, mas decisivo. O centro desta nossa “estrela bibliográfica” pode ser dinâmico. Dependendo do temperamento de cada estudante, o Centro pode ser ocupado por qualquer uma das obras citadas ou pelas coleções de textos curtos de H.P. Blavatsky. Em torno desta estrela setenária essencial há numerosas obras de valor, que se somam a ela e ampliam sua luz sem fazer com que ela desapareça. É o caso de “O Oceano da Teosofia”, de William Judge. É o caso do “Bhagavad Gita”, do “Dhammapada”, do “Tao Te King”, dos Upanixades, do “Dnyaneshwari”, dos “Aforismos de Ioga” e de tantas outras grandes obras das diversas religiões e filosofias, orientais e ocidentais. Em última instância, todo conhecimento humano que está ligado à ética faz parte do Oceano da teosofia.
Como escola de pensamento, a teosofia original propõe uma visão abrangente e evolutiva do ser humano e do universo. A teosofia autêntica decodifica para o estudante cada corrente de pensamento ou religião, cada cultura e cada dogma. Ela faz o trabalho de chave multidisciplinar universal. Isto é algo que apenas ela consegue fazer. Os imitadores da teosofia propõem caminhos mais fáceis, mas que não levam a lugar algum.
Se o estudante tomar em suas mãos as edições originais de “A Doutrina Secreta” e “Ísis Sem Véu”, ele terá cerca de 3.000 páginas de uma sabedoria que ensina a decodificar as visões setoriais e parciais da vida e do universo. O estudo destas páginas liberta a alma para a compreensão do todo. As Cartas dos Mestres dão a chave do discipulado ou aprendizado individual. Há também os 15 volumes dos 'Collected Writings' de H.P.B., e as coleções das duas revistas mensais que H.P.B. editou na Índia e em Londres, as quais incluem numerosos artigos que não são de H.P.B. e possuem enorme valor. Também há alguns livros de peso de outros autores, entre eles Damodar Mavalankar e Subba Row.
Este conjunto complexo forma um corpo de textos filosóficos sem igual na história humana.
O que chegaria mais perto da teosofia do século 19 são os diálogos de Platão, no Ocidente. Esta é outra obra relativamente ampla e abrangente. Mas Platão não decodifica sequer 5% do que HPB decodifica da sabedoria universal. Ao contrário, é H.P.B. quem explica não só a obra de Platão, mas também os outros campos do saber filosófico, religioso e cientifico.
No Oriente, o que chegaria mais perto do ensinamento de H.P.B., em termos de obra de grande porte e abrangente, seriam os Vedas hinduístas, por um lado, e o Tripitaka, o cânone budista, por outro. Mas tanto os Vedas como o Tripitaka são de um simbolismo obscuro – salvo exceções. Para serem compreendidos, dependem obviamente de um ponto de vista ou chave que é dada, não por acaso, por “A Doutrina Secreta” e “Ísis Sem Véu”.
Lao-tzu e Confúcio são outras fontes importantes. Mas eles não têm a abrangência e a profundidade dos Vedas, de Platão, do Tripitaka (Cânones Budistas) ou de H.P.B.
Entre as grandes escrituras, o Talmude judaico é vasto em tamanho e importância. Ele é tão grande quanto uma enciclopédia de grande porte e é pouco conhecido fora dos círculos rabínicos. Possui grande valor, é respeitável, tem uma ótima ética filosófica, mas não pode ser comparado ao conhecimento oriental.
As chaves do conhecimento humano estão no Oriente. A obra de HPB é essencialmente oriental. Como a própria alma de H.P.B, ela se situa em última instância naquele Oceano de Sabedoria que é a origem e o destino de todas as tradições de conhecimento antigas e modernas.
Naturalmente, o movimento teosófico não é uma igreja. O que se afirma nos parágrafos anteriores não pode ser visto como objeto de crença ou de fé. O significado da obra de H.P.B. na história da literatura humana é algo que cada um deve verificar por si mesmo. O pesquisador isento verá que não há nada nem remotamente comparável à literatura teosófica original, gerada entre 1875 e 1891.
É importante levar em conta que, ao lado da literatura de HPB, preservou-se um pequeno núcleo dinâmico de estudantes que vivem o 'clima' da compreensão do ensinamento, e que hoje está organizado em cerca de 15 países. Esta comunidade informal de estudantes da teosofia autêntica constitui uma espécie de ashram ou espaço comum de aprendizes – ; um ashram que possui a sua essência nos planos superiores de consciência.
Felizmente, já temos em língua portuguesa um trabalho ligado a este processo aberto de investigação, estudo e compreensão da teosofia original. O trabalho leva em conta que em filosofia esotérica não há mérito em dizer “amém” ao que se ouve ou lê. Vale a pena ver por si mesmo, e dialogar e examinar tudo, contextualizando sempre cada uma das percepções. O modo de trabalhar tem como princípio básico a autonomia solidária. Cada axioma da filosofia esotérica deve ser testado com independência pelo estudante.
Crises Geológicas Provocam Renovação
A Dinâmica Planetária Impede o Avanço Para o Pior
Assim como o indivíduo humano, um planeta possui sete níveis de consciência. O mesmo ocorre com cada civilização. Espírito e matéria não estão separados: a evolução geológica da Terra avança paralelamente à evolução psicológica dos homens que respiram sua atmosfera, bebem sua água e se alimentam dos frutos do seu solo. Quando a base ética e espiritual de uma civilização se esgota, este é um indício seguro de que a sua base ecológica e a sua base geológica estão igualmente exauridas. A recíproca é verdadeira: também se pode perceber o estado da ética e da espiritualidade de uma civilização pelo modo como ela convive com a natureza. É preciso saber se ela preserva a harmonia, ou se ela prepara a sua destruição ao romper o equilíbrio ambiental.
Abordando as grandes mudanças cíclicas e geológicas da Terra, um raja-iogue escreveu a um cidadão inglês do século 19:
“Quando a sua raça − a quinta − houver alcançado o seu zênite de intelectualidade física, e desenvolvido a civilização mais elevada (lembre da diferença que nós estabelecemos entre civilizações físicas e espirituais), incapaz de elevar-se em mais nada, seu avanço em direção ao mal absoluto será interrompido (como seus antecessores, os lemurianos e atlantes foram interrompidos em sua marcha no mesmo rumo) por uma destas mudanças cataclísmicas; sua grande civilização será destruída; e todas as sub-raças desta raça serão vistas decaindo ao longo dos seus respectivos ciclos, depois de um curto período de glória e aprendizado.” [1]
O século 21 não verá um evento de tamanha magnitude como o mencionado neste trecho das Cartas. Mas o que ocorre em grande escala também ocorre em pequena escala. Pequenos ciclos reproduzem grandes ciclos. A crise geológica em que nossa civilização está ingressando não se relaciona com o ciclo do conjunto da quinta raça, mas apenas com o ciclo mais breve da quinta sub-raça da quinta raça. Mesmo assim, ele apresenta em menor escala as mesmas características do grande ciclo, e é possível que seja suficientemente radical para mudar por completo o rumo da civilização humana, afastando-a do materialismo eticamente cego e colocando-a outra vez no caminho da ética e da sabedoria. Não há, porém, data marcada. As mudanças geológicas ocorrem gradualmente, impulsadas por uma longa série de eventos.
NOTA:
[1] “Cartas dos Mahatmas Para A.P. Sinnett”, Ed. Teosófica, volume II, Carta 93B, p. 120.
Dois Instrumentos Inseparáveis:
Senso Crítico e Pensamento Positivo
Estudante A:
Para alguns, o caminho espiritual parece ser feito exclusivamente de pensamentos positivos. Mas, neste caso, como será possível identificar e corrigir os erros e defeitos?
Estudante B:
O estudante que preserva o seu bom senso não perde o sentido crítico. Uma visão exotérica e emocional do caminho prefere acreditar na proposta ingênua de fazer de conta que o mundo é uma maravilha. Mas para cada ingênuo há um espertalhão, quando não é o espertalhão que se faz passar por ingênuo. O aprendiz que aprende a agir com discernimento desafia as rotinas mentais. Ele mostra as falhas dos sistemas eclesiásticos e da ciência convencional, e propõe as práticas corretas. Ele não teme apontar os erros que devem ser corrigidos, embora saiba que será testado por isso. Ele sabe que não há aprendizado sem testes.
Estudante A:
Mas qual é a diferença entre o espírito crítico e o pensamento negativo? Quando é que termina um e começa o outro?
Estudante B:
Uma primeira característica fundamental do bom espírito crítico está na intenção. O aprendiz fala dos erros com o propósito interior de que eles sejam corrigidos. A sua intenção não é destruir. As suas críticas nunca se dirigem a pessoas, mas a fatos e ações. E a crítica ao que é externo anda junto com uma auto-crítica honesta. Uma segunda característica é que o espírito crítico saudável dá o apoio e o realismo necessários ao pensamento positivo, para que ele possa ter eficiência prática. Quem possui bom senso sabe que o pensamento positivo é o fundamental e o sentido crítico é o secundário. Umaterceira característica é que o espírito crítico, quando unido ao pensamento positivo, leva o estudante à ação construtiva de longo prazo, com discernimento e confiança no futuro. A confiança no futuro resulta do contato ampliado com a alma imortal. Ela permite olhar os erros de frente sem cair no pessimismo.
Do mesmo modo que um bom médico não faz de conta que o paciente está bem, se o paciente está doente – mas anuncia com honestidade que será necessário este ou aquele tratamento doloroso para superar a doença –, também a teosofia original não finge que tudo está bem com nossa civilização. Ela mostra honestamente o caminho para corrigir o rumo.
Não há melhor carma do que o pensamento voltado ativamente para o bem da humanidade. Quem deseja o bem da humanidade e é estudante da sabedoria universal faz três coisas básicas:
1) Ele formula ou ajuda a formular um diagnóstico adequado.
2) Ele chega a um prognóstico (uma proposta saudável de futuro).
3) Ele trabalha pela superação das causas do sofrimento; e também pela construção do que é novo.
O pensamento correto não está na superfície da mente ou na simples fala. Sabemos que as palavras amáveis ocultam frequentemente segundas e terceiras intenções. Se palavras agradáveis fossem suficientes, não haveria qualquer diferença entre o sábio e o mentiroso. Em filosofia esotérica, pensamento correto é aquele que surge de uma Intenção interior que é nobre e elevada.
Assim, o pensamento severo e a fala crítica podem ser corretos. O pensamento agradável e a fala mansa podem ser causadores de grande mau carma e sofrimento. É a motivação do indivíduo perante a vida, a sua meta central e suas metas auxiliares – assim como os seus hábitos de pensamento, sentimento e ação – que direcionam e dão valor real ao que ele pensa e diz.
Vale sempre o contexto: quando o Jesus do Novo Testamento denuncia frontalmente os “sepulcros caiados” do clero profissional, ou quando ele expulsa os comerciantes do templo, o seu discurso e seu pensamento têm efeitos positivos, porque a Intenção é nobre.
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O Teosofista - Notas e Informações Sobre Teosofia e o Movimento Esotérico

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