quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Quem é Lucifer?







O Inicio de Tudo


A concepção que se faz de Lúcifer, Satanás, Satã, etc., da forma como ele é conhecido no Ocidente, chegou até nós de tempos mais antigos da História, através das escrituras do povo judeu, cuja terminologia e imagens sofreram influências das civilizações mais antigas que os circundava.

Babilônios - 
Uma das civilizações foi a dos babilônios – os mitos e simbolismos predominantes na Babilônia influenciaram bastante os textos do povo judeu, e palavras e imagens vinculados aos símbolos babilônios podem ser encontrados no Velho Testamento.

O que encontramos de mais óbvio neste sentido é a imagem deLeviatã , o Dragão ou o monstro:

" Naquele dia, punirá Yaveh (o Senhor), com sua espada dura, grande e forte, Leviatã , serpente veloz, e o dragão serpente sinuosa, e matará o monstro que está no mar " (Isaias 27,1)

Foi a partir de símbolos como este que nasceram as imagens formadas mais tarde ao redor do conceito de um "Ser Maligno", o provocador da desordem e do caos. 
 

Persas - 
Outra cultura religiosa dos tempos primitivos, que acabaria por exercer uma poderosa e duradoura influência sobre os autores judeus, foi a dos persas. Foi da Pérsia que surgiu uma teologia inteiramente baseada nas forças oponentes do bem e do mal.

O dualismo existente na religião persa, exerceu sobre os judeus uma influência que durou muitos séculos.

Zoroastro, ou Zaratustra , tornou-se conhecido na antigüidade como o fundador do sistema de magia, a religião dos magos, que depois acabou sendo aceita como a religião do povo persa-iraniano.

No sistema que ele desenvolveu, o princípio do mal era inteiramente separado do princípio divino. Afirmava-se então que tudo tinha uma causa, e, como o bem não podia causar o mal, deduzia-se que o mal tinha que ser um princípio separado.

O mundo natural teria surgido do Senhor da Sabedoria, Ahura-Mazdâ ou Ormazd, o Ser Espiritual primordial. Seu espírito orientador, vivia produzindo o bem de maneira constante, mas sofria restrições por parte de seu próprio irmão gêmeo, o espírito do mal, Arimã. A essência de Arimã era a falsidade, enquanto a de Ormazd era a verdade.

Foi esta concepção do conflito eterno, elemento que dava o significado central à própria religião, que teve efeito tão profundo sobre as doutrinas dos tempos posteriores.

E Arimã, o grande enganador, que foi expulso do "Paraíso" e lançado no "Inferno", tem um parentesco bastante claro com a concepção judaica do Inimigo (Satan), o arquienganador. 
 

Egípcios - 
Apesar de aparecer na mitologia de tantas das primitivas civilizações, o princípio sobre a existência de uma força do mal no Universo, a qual está sempre em luta contra o bem, os mais antigos textos religiosos conhecidos referentes a essas civilizações, em geral mostram uma concepção diferente do bem e do mal.

Segundo tais narrativas, tudo surge a partir das mãos do Senhor e Criador Supremo, e assim, tanto o que nós parece ser bom como aquilo que para nós tem a aparência de mau, seria mandado por Ele.

Os deuses do Egito antigo tinham esta mesma ambivalência. Todos comungavam da majestade de um Deus Supremo, que distribuía tanto o bem como o mal, sendo portanto o autor de todas as coisas.

Em sua mitologia primitiva, o deus Seth identificava-se com a destruição, com a morte do Sol, através do assassinato de Osíris. Mas ao mesmo tempo, era também venerado como um grande e poderoso deus criador.

Mas depois, nos mitos do Egito, em tempos posteriores, a história de Seth foi simplificada, de modo que ele se tornou apenas um ser cheio de maldade e hostil a todos os homens. Na verdade, ele acabou se transformando em uma personificação da maldade.

E esta concepção pode ter servido também como inspiração para idéias bíblicas posteriores a respeito do "Inimigo", por intermédio da influência do Egito sobre o povo judeu. 
 

Hindus - 
A ausência de um princípio do mal único é vista mais especialmente no hinduismo, que sempre foi e continua sendo uma religião bastante metafísica. Não devemos nos esquecer de que se trata de uma religião muito antiga, talvez a mais antiga de todas as religiões conhecidas.

Apesar de seu enorme panteão de deuses, o hinduismo interpreta suas divindades como manifestações de um Deus Único, atribuindo a elas poderes tanto de destruição como de criação, tanto de morte como de vida. A maior parte da mitologia hindu, como acontece em muitas outras mitologias, gira em torno de uma batalha cósmica, e de um combate espiritual entre luz e trevas.

Mas apesar disso, não existe a imagem de uma figura sobre a qual estaria o "ponto focal do mal".

Kalia deusa da morte que tudo devora, representa o anverso da deusa mãe que alimenta todos os seres vivos. Mas na mitologia hindu, ela está bem longe do que poderíamos considerar como uma concepção do Diabo.

Não se manifesta ali qualquer tendência ao dualismo. 
 

Budismo - 
No Budismo que teve seu começo no sexto século A.C. , o Ser Maligno é mostrado antes de mais nada, como tentador.

Segundo alguns dos textos que narram episódios da vida de Buda, Mara o grande tentador, teria aparecido a ele no céu e tentado evitar que ele renunciasse à vida mundana e de se tornar um andarilho. As palavras de Mara não tiveram efeito algum, mas a história acrescenta que, do mesmo modo que uma sombra segue o corpo, ele também, a partir daquele dia, sempre seguiu o Abençoado, fazendo tudo que era possível para lançar obstáculos em seu caminho na busca da condição da perfeição.

Mara também é chamado de Varsavati, "aquele que satisfaz os desejos" . Porque o desejo ou a sede pelo prazer, pelo poder e até mesmo pela existência terrena, vincula os seres humanos à roda da vida que gira eternamente (princípio da reencarnação), impedindo a liberação do verdadeiro ser, ou Nirvana. 
 

Hebreus - 
A idéia de um Deus Único e Supremo também era o centro de toda fé judaica, e serviu inclusive para diferenciar a primitiva religião hebraica, das religiões de todos os povos vizinhos que contavam com inúmeros deuses tribais.

Nas mais antigas escrituras judaicas, Yaveh aparecia como o Senhor do Universo, e tudo o que acontecia, tanto de bom como de mau, era causado por Ele.

Em Isaias (45,7) escrito no sexto século A.C., Deus diz:

" Eu formo a luz e crio as trevas, asseguro o bem estar e crio a desgraça: sim eu Yaveh, faço tudo isto "

Mais tarde, começou a surgir o sentimento de que Deus, o autor de todo o bem, não deveria ser escrito como a causa do mal; era preciso encontrar uma causa separada.

A religião persa, com a qual os judeus entraram em contato durante o exílio na Babilônia, foi uma clara influência que se manifestou por trás deste tipo de pensamento.

O mal era visto cada vez mais como sendo causado por um inimigo que se opunha a Deus e ao homem o adversário - que na verdade é o significado preciso da palavra hebraica Satan.

Nos livros apocalípticos dos séculos imediatamente precedentes à era cristã, os nomes dados ao "Inimigo" já começavam a ser combinados. Pela primeira vez na literatura, a serpente do Livro do Gênesis identificava-se com Satanás, O Diabo.

A própria palavra "Diabo" deriva do grego "diabolos", que significa "o acusador ou agressor"

Entre os anos 285 e 247 A.C., quando o Velho Testamento foi traduzido para a versão grega conhecida como "Os Setenta", "diabolos" foi a palavra usada para a tradução do vocábulo hebraico Satan.

No Livro de Jó, Satan aparece como acusador e tentador do homem, mas ainda é visto como um "súdito" do Soberano. Ele apresenta-se diante da corte celestial e age conforme as instruções do Senhor.

No Livro de Samuel, compilado no décimo século A.C. , está escrito que o Senhor tentou Samuel.

Mas no primeiro Livro de Crônicas (21,1), um texto bem posterior do Velho Testamento, é Satan quem tenta Davi para que desobedeça a Lei e seja alvo da ira de Deus.

Segundo esta interpretação, o perigo passava a vir por meio do Inimigo (Satan), e não mais através do próprio Deus.

Baal Zebub foi outro nome usado para a mesma figura de Satanás no período apocalíptico das escrituras hebraicas.

O nome Baal Zebub é mencionado apenas no Velho Testamento. Em 2Reis 1, o rei de Israel manda mensageiros para perguntar a Baal Zebub, o deus de Ecrom, se ele se recuperaria de sua enfermidade. O anjo do Senhor diz a Elias que vá ao encontro dos mensageiros do rei e lhes diga : "Porventura não há um Deus em Israel, para irdes consultar Ball Zebub, rei de Ecrom ? Por isso… com certeza morrereis ".

"Ball", isto é, "senhor", era o título dado a uma divindade local: "zebub" significa "moscas". 
Portanto, Ball Zebub poderia representar o Ball para quem as moscas são sagradas - o Senhor das Moscas. Hoje se sabe que a divinização por intermédio das moscas era praticada na Babilônia.

Em algumas versões do Novo Testamento, é encontrado o nome "Bellzebu". A palavra "zebul" aparece no Livro dos Reis, significando altura: "belth-zebul" é a casa elevada, ou templo, de modo que Beelzebu poderia significar o "Senhor da Casa Elevada"

Em Mateus 10,25 lemos : " Se chamaram Beelzebu ao chefe da casa, quanto mais chamarão assim aos seus familiares".

Mas independente da grafia de "Ball Zebub" ou "Bellzebu", nada se sabe quanto a maneira ou ao momento preciso em que este deus pagão em particular, teria passado a ser visto como "o príncipe dos demônios" (Marcos 3,22), apesar de ser coisa comum para os judeus dos tempos do Velho Testamento encararem os deuses pagãos de seus vizinhos, como representação do Ser Maligno. 
 

Apócrifos da Bíblia – 
Pelo o que sabemos hoje, a história de como Satanás foi expulso do Paraíso, teria tido a sua origem nos livros judeus apócrifos. Tratam-se de textos que circulavam entre os judeus durante os séculos imediatamente anteriores e posteriores ao início da era cristã.

O mais importante de todos estes era o Livro de Enoch.

Na verdade o Livro de Enoch era uma coletânea de diversas obras literárias, que apareciam todas sob o nome de Enoch, mas que teriam sido escritas por diferentes autores. Tudo indica que o livro era bastante conhecido até o século VIII.

A história da queda dos anjos não é propriamente uma doutrina das escrituras, já que nunca fez parte do organismo ortodoxo dos textos do Velho Testamento.

No entanto, acabaria tornando-se a base principal dos ensinamentos posteriores sobre Satanás e sobre o seu lugar em nosso mundo.

Segundo o mito apócrifo, a história dos anjos teria sido revelada a Enoch. Em uma visão, ter-lhe-ia sido mostrado como um grupo de anjos, encorajados por seu líder, teria descido da corte celestial para a Terra. Em nosso mundo, eles teriam "desejado as filhas dos homens" e rejeitado o Paraíso, tornando-se, após sua queda, seres maus, os Anjos Sentinelas, que teriam produzido uma raça de gigantes em sua união com as "filhas dos homens". Esta parte da história tem bastante semelhança com o capítulo 6 do Livro do Gênesis.

Os Sentinelas teriam ensinado aos homens muitas artes e ciências, mas também o vício.

Seus descendentes "espalharam a iniquidade sobre a Terra" até o dia em que Deus teria decidido provocar o Dilúvio, como forma de punição contra os pecaminosos seres humanos, condenando os anjos a viver nos lugares mais escuros da Terra, até o dia do Juízo Final.

Mas os gigantes teriam produzido seus próprios descendentes, espíritos maus que teriam permanecido sobre a Terra, continuando a liderar os homens pêlos caminhos do mal.

O outro livro, que trata dos Segredos de Enoch e que foi provavelmente escrito no Egito no princípio da era cristã, fala da viagem de Enoch através das diferentes cortes do Paraíso. A ele são mostrados os Grigori na prisão. Estes eram anjos rebeldes que, juntamente com seu príncipe, chamado Satanael, tinham rejeitado o Senhor Deus.

No Livro dos Doze Patriarcas, um de outros livros apócrifos, o chefe dos anjos caídos tem o nome de Belial. Ele é o principal antagonista de Deus, e compete em busca da lealdade dos homens.

O livro apocalíptico dos Jubileus afirma que os Sentinelas vieram para Terra e depois pecaram, mas que seu príncipe , Samaael, teria tido a permissão de Yaveh para atormentar a humanidade. 
 

Conclusão - 
Ao poucos, os diversos nomes usados para descrever os líderes dos anjos rebeldes acabaram se combinando no nome de um único ser espiritual, que personificava a origem e a essência de todo o mal. Satan (Satã), o adversário, tornou-se o mais importante e o mais usado de todos os nomes dados a este Ser.

Para poder expressar as idéias a respeito dos acontecimentos cósmicos, numa escala gigantesca, sobre a qual é impossível se ter conhecimento direto, todas as grandes religiões, sem exceção nenhuma, têm recorrido a religião. Esta é a única maneira.

Assim, o fato de aparecerem em muitas religiões mitos semelhantes para descrever a guerra universal entre o bem e o mal, e a existência, nas escrituras hebraicas, de histórias especialmente montadas com a finalidade de dar uma explicação sobre o surgimento do mal, não significam que o próprio Diabo seria necessariamente o resultado da fantasia humana.

O fato de ter existido uma concepção Dele em todos os períodos da História e em inúmeros lugares, não prova nem desmente coisa alguma a respeito.

Não são penas as pessoas simples que confundem o significado que um mito pretende transmitir, com os verdadeiros acontecimentos históricos. Até os maiores estudiosos demostram uma propensão no sentido de fazer isso.

Os debates e as discussões sobre o mal e o ponto focal do mal, que se têm verificado de maneira contínua na História, mostram a freqüência com que isso acontece.

Sempre se manifestou uma tendência no sentido de confundir a crença no princípio representado por um mito religioso com a crença nos acontecimentos reais que, segundo a narrativa, teriam tido lugar. Obviamente as duas não são a mesma coisa.

Esta confusão tem levado a muitos argumentos estéreis e a inúmeros ataques contra a crença religiosa de um modo geral, que acaba sendo equiparada à superstição.

O perigo dessa confusão aparece de modo constante nas questões que dizem respeito ao Diabo.

Tudo o que tem sido escrito a respeito dele nos sistemas religiosos e em incontáveis lendas e histórias torna muito difícil separar a metáfora daquilo que pretende ser a descrição dos fatos.

Texto retirado do site:http://anjo_lucifer.sites.uol.com.br/historia.html

 

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